quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Carta aberta para 2017

Olá Sr. 2017, o senhor está quase chegando e é por isso que preciso lhe falar. Posso te chamar de você?

Sou mãe de filhos pequenos e queria combinar umas coisinhas com você para que tenhamos um relacionamento sério e duradouro. O meu combinado vai ser um pouco diferente... quero falar com você a respeito das coisas que eu não vou fazer. Isso mesmo: promessas invertidas!

Para começar, já te adianto que não vou chegar pontualmente em todas as festas de aniversário. São muitas festas, muitos imprevistos, muitas variáveis. Vou chegar a hora que der e vou chegar feliz! Nada de suor no bigodinho para cumprir horário.

Ah, também não vou a mais de um aniversário por dia. Isso é muito sério! Eu quero prestigiar a todos, mas no final quem fica desprestigiada sou eu: os anfitriões do primeiro aniversário reclamam que eu vou embora cedo demais e, por sua vez, os anfitriões do segundo aniversário reclamam que eu chego tarde demais. Sem falar nas crianças cansadas brigando dentro do carro. Fim. 2017, não vamos fazer isso com a gente, tá? Vou a um aniversário por vez e me justifico com o outro, fazer o quê?

Falando em compromissos sociais, também não vou participar de todos os almoços de família aos domingos. Estou me reservando o direito de curtir uma preguicinha no fim de semana, "pijamar" até a hora que der, almoçar comidinha simples e honesta. Você percebeu que eu disse que não vou a todos, isso quer dizer que irei a alguns, claro que irei. Só preciso poder curtir meu domingo-preguiça-rodrigo-faro-faustão-eliane de vez em quando.

Se um dos meus filhos se jogar no chão em uma birra digna de virar viral da internet, eu não vou brigar com ele para parar de dar birra simplesmente porque tem uma rodinha de curiosos se formando. Eu vou agachar, olhar nos olhos dele e conversar. Conversando a gente se entende. E se a rodinha permanecer no mesmo lugar, vou convidar todo mundo para fazer ciranda-cirandinha conosco. Rá!

Ah, e quando eu tiver que trabalhar além do horário e não chegar a tempo de colocar meus filhos na cama, não vou morrer de culpa. A minha geração é diferente da geração da minha mãe e as mulheres trabalham muito e, às vezes, a hora extra é inevitável. Deixa isso registrado para nós, 2017: culpa não!

Agora que já pontuei algumas questões sociais, preciso pontuar algumas questões pessoais.

2017, juro que não vou manter a depilação em dia quando você chegar. Me livra disso de 15 em 15 dias! Aquele treco dói pra burro e às vezes é, vamos dizer, em vão (entendedores entenderão). Prometo que no verão tudo vai ficar em dia, mas no inverno... ah, estarei de altas! Deixem Cláudia Ohana em paz.

Sobre dieta, temos que falar olhando nos olhos: 2017, não vou fazer dieta restritiva que me deixa com bafo e mal humorada. Não, não e não. Concordo que preciso melhorar e me alimentar com mais qualidade, mas já te aviso: não vou fazer dieta da moda. Vou buscar equilíbrio entre corpo e mente, não entre o espelho e o olhar do outro.

Também me reservo o direito de não estressar. Ainda estou buscando essa fórmula mágica, mas já sei o que devo considerar: não vou estressar com a unha por fazer, com a casa desarrumada durante a semana e nem no dia que as crianças não comerem todas as porções de frutas recomendadas pela OMS. De vez em quando algumas coisas terão que simplesmente passar e eu terei simplesmente que aceitar. Respira, inspira, oooooommmmm.

Em tempo: não vou dar risos amarelos e nem andar com gente chata. Bato o pé e não vou!

Sabe 2017, a gente pode se dar muito bem juntos. Quando eu disse que quero um relacionamento sério e duradouro, eu não estava de brincadeira. Quero que cada dia, semana e mês durem exatamente o que estão programados para durar, quero respeitar os movimentos de rotação e translação da Terra sem pedir para acelerar nada e nem postar meme sobre o mês de agosto. Porque quando a gente quer que acabe rápido, é porque está ruim e já não vale a pena. Eu quero que a gente valha muito a pena um para o outro!

Observe, 2017, que não mencionei nada sobre situação política e econômica até agora e nem vou mencionar (não prometo que não vou postar nada sobre meu posicionamento, ok?) O meu papo aqui é reto, é sobre eu e você, você e eu. Tenho grandes planos para nós dois. Foca na gente que vai dar tudo certo!

Agora, meu querido Ano Novo, preciso ir ali terminar os afazeres de amanhã. Não quero terminar 2016 devendo nada para ele, sabe? Penso que, se eu tivesse levado um papo reto com esse seu irmão mais velho, talvez as coisas teriam sido melhores para nós dois. Agora já foi. E é por isso que escolhi uma trilha sonora bem especial para finalizarmos nossos combinados e, amanhã à meia noite cantarei a plenos pulmões:

De longe tudo muda / Parece ser bem menor / Os medos que me controlavam / Não vejo ao meu redooooor

É hora de experimentar / Os meus limites vou testar / A liberdade veio enfim / Pra miiiiim

Livre estou, livre estou / Com o céu e o vento andar / Livre estou, livre estou / Não vão me ver choraaaaar


Obrigada, 2016. Vida longa a você, 2017!

Malu Pedrosa

*Texto meu originalmente publicado no blog BH for Kids. Link AQUI 





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