sábado, 9 de dezembro de 2017

Escrita terapêutica

Muitas vezes eu me pergunto o porquê da escrita. Quando eu dou um sumidão assim do blog, é porque estou em um desses momentos de reflexão.

O que eu quero quando escrevo? Fama? Dinheiro? Troco likes? Até hoje nem um desses aconteceu e segue o baile normalmente.

Pensando na escrita, fui fazer aquele tchibum interior, fui ler, fui pesquisar, enfim, se eu não entendo uma coisa, ela perde o sentido para mim. E se não faz sentido, não tem continuação. E se eu não entendo dentro de mim, o efeito é o mesmo.

A escrita faz muito sentido para mim. É terapêutica. Quando escrevo, estou conversando comigo mesma em primeiro lugar, organizando ideias e sentimentos. E me livrando de alguns lixos emocionais. E me aproximando de quem sou, cá dentro. E me livrando de ser quem os outros querem que eu seja, lá fora.

Em tempos de tanta exposição pessoal e visual, penso que escrever seja um ato de resistência. Em tempos de postar uma foto com uma frase de efeito, escrever e convidar à reflexão parece uma loucura. E é aí que eu me encontro.

Há tempos ando incomodada com a minha relação com as redes sociais. Quando vou postar alguma coisa, começa lá no fundo um zumbido no ouvido: você está postando o quê e para quem mesmo? Quer mostrar o que ao mundo? Aí, instintivamente, eu levo essa pergunta para minha time line e começo a me perguntar: postastes o quê e para quem, ó filho de Deus? E a guerra mental está deflagrada. Não me preocupo com a vida vazia e imagética das pessoas. Preocupo-me em não chegar lá. Em não ter que fazer live do show do meu cantor preferido e perder a emoção do momento enquanto acho o melhor ângulo para mostrar o palco e minha cara ao mesmo tempo ou postar foto do meu prato de comida, que esfria enquanto eu decido o melhor filtro. Porra. Desculpem o palavrão.

Aí eu volto a minha pergunta original: o que eu quero quando escrevo? A origem da escrita data de aproximadamente 4000 AC. Diferentes civilizações começaram o processo de escrita no intuito de se comunicar. Civilizações posteriores refinaram esse processo, acrescentando ou tirando símbolos, sempre no intuito de se comunicar. Aí eu acho o começo da minha resposta. Escrevo pare me comunicar. Para encontrar iguais. Para encontrar afins. Para organizar a mente. Alívio!

Continuarei escrevendo e fazendo desse instrumento minha voz no mundo. Agora te pergunto: qual a sua voz?

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Por Maria Luiza Pedrosa
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domingo, 5 de novembro de 2017

Thanatos, o Filho da Noite

Hoje é Dia de Finados. Dia dos Mortos. E eu tenho uma pergunta: você já falou sobre morte com os seus filhos?

Deixa eu quero dividir uma experiência diferente com vocês. Nas últimas férias de julho, fomos passar uma semana em São João del Rei, cidade histórica de MG que faz parte da Estrada Real e fica a 200 km de Belo Horizonte. Eu tenho uma filha de 8 anos e um filho de 5.

Fizemos todos os passeios tradicionais: Maria Fumaça, Centro Histórico, Tiradentes e Bichinho, comidas típicas e, por último, meus filhos me pediram para visitar um... cemitério. Isso mesmo, minha gente, um C-E-M-I-T-É-R-I-O. Eu jamais imaginaria que, em um belo dia da minha vida de mãe, eu levaria meus filhos para fazer um passeio em um lugar desse. Valeu Maurício de Souza! Valeu Turma do Penadinho!

Confesso que não me senti nem um pouco confortável, a princípio. Na Grécia Antiga, o nome de Thanatos, a Morte, era raramente pronunciado. Acreditava-se que era uma ideia desagradável e acordaria esse espírito, trazendo a destruição aos humanos. Como podemos ver, o tabu que envolve a morte é antigo... Fiquei pensando: e se a gente tratasse a morte com mais naturalidade? Afinal, ela é certa e evitar o assunto não faz com que ele não exista. E se a gente tratasse a morte com leveza? Afinal, a morte faz parte da vida. E se a gente falasse desde cedo sobre a morte, teríamos menos tabu com o assunto? Afinal, a qualquer momento ela pode chegar para qualquer um.

Organizei meus pensamentos e fui. Entrei no cemitério cheia de incertezas e com uma única certeza: empoderar meus filhos e dar a eles ferramentas que pudessem levar para a vida toda. Pisamos no cemitério e começou a chuva de perguntas:

- O que é esse asterisco e essa cruz?
- Ano de nascimento e morte.
- Ata. Nossa, esse aqui morreu bem velhinho, hein? E essa aqui também! OLHA MÃE! ESSE AQUI MORREU NO NATAL! ISSO PODE?
- Pode. A gente não escolhe o dia que vai morrer...
- Mãe, piorou: ESSE AQUI MORREU NO DIA DO PRÓPRIO ANIVERSÁRIO! PODE???
- Parece estranho filha, mas pode. A gente não escolhe o dia que vai morrer...
- Mãe, ô mãe... bebê também morre?
- Filho, morre sim. Infelizmente. É por isso que temos tanto cuidado com os bebezinhos! Eles são frágeis...
- Olha esse nome aqui mãe: parece de outro país!!! Você pode morrer fora do país que você nasceu?
- Pode... a gente não escolhe nem o dia e nem o lugar que vai morrer...

De repente, me dei conta da amplitude daquele passeio, das dúvidas que passam na cabecinha das crianças, nos assuntos que não tive a chance de perguntar para meus pais quando eu era pequena e em como eu tive que construir alguns conhecimentos de mundo sozinha. 

Quando nós chegamos a uma parte onde as lápides eram quadradinhos na parede o bicho pegou:

- Mãe, mas COMO cabe alguém aí?
- Bem... aí fica a caixa de ossos.
- Tipo, a gente se desmonta como um quebra-cabeça?
- Hum, hum. E é isso meus filhos.

Naquele momento, nada mais precisou ser dito. De repente minha filha segurou minha mão, meu filho me abraçou... e nós ficamos ali, apreciando a beleza da morte. A morte nos faz lembrar que ainda há muita vida a ser vivida. Até o fim. E a beleza da vida está aí, justamente na caminhada, no dia-a-dia, no beijo de bom dia, no cafuné para dormir, no almoço de domingo, no olhar que encontra apoio, no abraço que tem conforto... enfim, a beleza da vida não está naquilo que a gente junta e sim no amor que a gente espalha.

Depois dessa experiência, falamos sobre o Filho da Noite, Thanatos, com mais naturalidade, leveza e respeito aqui em casa.



Cemitério da Igreja de São Francisco de Assis, São João del Rei - MG, Julho/2017



domingo, 1 de outubro de 2017

Eu, o tricô e minha mãe

A vida moderna anda caótica. Trânsito, horário, agenda cheia, trabalho e família, quem se identifica levanta a mão! Em meio a esse caos, eu descobri o tricô.
O tricô é uma grande metáfora da vida: você começa com um fiozinho, vai tecendo e dando rumo. Oras fica torto; você vai lá e desfaz o que deu errado e refaz com mais capricho para dar certo. Ou não. Deixa assim mesmo. Oras fica lindo, você pega o jeito e segue tecendo se sentindo no caminho correto.
Minha mãe me ensinou tricô quando eu era pequena. Durante muitos anos, eu deixei as agulhas de lado. No início deste ano, resolvi retomar e fazer um cachecol mara para usar no inverno. Escolhi a cor e o ponto que usaria.
Eu tecia um pouquinho por semana. Pouquinho mesmo. Esse era meu ritmo. Mas… para minha mãe o ritmo estava errado. O cachecol não ficaria pronto a tempo do inverno. O ponto estava frouxo. Ia ficar torto. Minha mãe estava realmente preocupada.
Volta à metáfora da vida: qual pai ou mãe não se preocupa com o rumo da vida dos filhos? Qual pai ou mãe não acha que SABE o caminho certo para os filhos? Qual pai ou mãe não (cof cof) intromete na vida dos filhos?
E foi assim comigo. Minha mãezinha meteu a mão no meu tricô. Um belo dia, cheguei em casa e o cachecol estava todinho pronto. Ela estava aliviada, afinal eu teria o bendito cachecol para usar no inverno, com um ponto firme e sem buracos. Minha mãe estava feliz. Eu não.
Sem perceber e, com muito amor no coração, minha mãe pegou para ela o fio da minha vida e tentou resolver o problema. O problema que era m-e-u. Para mim, o mais interessante era o processo de fazer o cachecol. Para ela, o mais interessante era ver o cachecol pronto.
E é aí que eu saio do papel de filha e volto para o papel de mãe: quantas vezes eu me preocupo, tenho certeza que sei a resposta e intrometo na vida dos meus filhos? Quantas vezes eu ofereço o produto e atropelo o processo? Eu sei respeitar o tricô dos meus filhos?
Eu fiz outro cachecol para mim. E ele passou a simbolizar muito mais do que um simples adorno: agora ele simboliza as minhas escolhas e o respeito que elas merecem. Ele simboliza as escolhas dos meus filhos. E o respeito que elas merecem. Cada um tem um caminho. Torto ou reto. Cada caminhada é única e a beleza está justamente na singularidade!
*Reflitamos*
Texto publicado na Revista Mommys. Link AQUI

domingo, 13 de agosto de 2017

Carta aberta: Dia dos Pais

Mãe,
Esta carta é para você. Preciso lhe falar ao coração.
Hoje, adulta, eu penso umas coisas cá comigo. Eu nunca senti o sabor da comida do meu pai. E acho que nem ele. Você sempre nos presenteou com os seus dons culinários e, sem querer, não deixou espaço para o papai cozinhar. Nem espaço para eu entender que homem também cozinha.
Eu não sei qual estilo de roupa meu pai achava que combinava comigo. E acho que nem ele. Você, sempre preocupada com o orçamento familiar, dava um jeitinho do dinheiro render e comprar várias peças de vestuário. Papai, também preocupado com o mesmo orçamento, trabalhava de sol a sol e deixava essas coisas para você. Essas coisas, que deveriam ser coisas de vocês dois.
Eu não sei como seria negociar minha primeira viagem sozinha com o meu pai. E acho que nem ele. Você, na ânsia de que tudo desse certo e ninguém saísse ferido, fazia a mediação para nós dois. Enquanto você pensava que construía uma ponte entre eu e meu pai, na verdade estava construindo um muro.
Mãezinha, sei que tudo isso foi por amor e o amor é a melhor linguagem para se ensinar alguma coisa. Mesmo que a coisa ensinada, saia meia torta. Homem cozinha sim, compra roupa para o filho sim e, principalmente, dialoga com a família.
Veja bem, aprendi. Mas aprendi do meu jeito: hoje, se o pai dos meus filhos der miojo na janta, vou fazer o quê? Respeitar. Hoje, se o pai dos meus filhos resolver vesti-los descoordenadamente em relação ao meu gosto, vou fazer o quê? Respeitar. Hoje, se os meus filhos precisarem conversar com o pai deles, vou fazer o quê? Abrir a porta para eles seguirem caminho. É assim que a gente constrói uma relação rica e saudável. É assim que o pai participa: tendo espaço para ser pai.
Por isso, mãe, te agradeço. Hoje sei qual relação desejo que meus filhos construam com o pai deles. E, que no domingo, a saudação “Feliz Dia dos Pais” realmente represente algo para eles.
*Texto meu originalmente publicado no blog da Revista Mommys. Link AQUI

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Cabeça-quebra no Quebra-cabeça

Toda vez que meus filhos ganham um quebra-cabeças, lá vou eu para o sofá observar e monitorar a brincadeira. É um tal de pecinhas que entram embaixo dos móveis, pecinhas que a nossa gata cisma em brincar e levar com ela, pecinhas que encaixam e desencaixam e, claro, mãozinhas a mil por hora.

Outro dia eu estava cumprindo meu papel de fiscal de pecinhas, quando me deparei com os dedos gordinhos e ansiosos do meu caçula a procurar o encaixe certo e, meu primeiro instinto, foi mostrar a ele a resposta. Já meu segundo instinto, foi me segurar. E, nessa hora, um mundo de coisas começou a passar na minha cabeça.

Dizem que o objetivo final do quebra-cabeça é unir peças adequadamente, de forma a compor uma imagem. Para mim, o objetivo vai muito além: ele está no processo. A tentativa e o erro é a parte mais bela do aprendizado. Você tenta aqui e não dá certo, tenta acolá e consegue, pára, respira, analisa as possibilidades, escolhe um caminho e vai.

E, se no lugar de quebra-cabeças, a gente colocasse a palavra... VIDA? Fiquei pensando em quantas vezes eu dei a solução aos meus filhos, ao invés de privilegiar o processo individual de busca a uma resposta. É bem mais fácil para mim dar a eles o caminho seguro, do que deixá-los descobrir um caminho próprio. É bem mais fácil gastar vinte minutos montando um quebra-cabeças com eles, do que deixar aquele brinquedo semi-montado no meio da minha sala por uma ou duas noites. Arregalei os olhos. Mas eu pensei que estava fazendo tudo tão certinho!

Foi por causa daquele quebra-cabeça no meio da sala que comecei a fazer esta reflexão. Quais são as ferramentas que eu estou ensinando aos meus filhos para enfrentar os próprios desafios? Qual o melhor caminho para prepará-los a ter responsabilidade pelas próprias escolhas? Como faz? Tem manual?

A voz deles me chamou à realidade:

- Mãããããe, onde vai essa peça aqui, ó? Eu não acho! Me ajuda?

O encaixe estava logo ali. Bastava só mais um tiquinho de observação. Ai meo deos, segura a minha mão porque quero criar filhos para o mundo:

- Tenta de novo, filho. Tente em outros lugares, tente de novo e de novo. Tenho certeza que você vai achar. Eu estou aqui.

*Suspiros*
Meu e dele.

E os dedinhos gordinhos continuaram e logo acharam um encaixe, e mais outro, e outro... e a imagem foi tomando forma no chão. E foi tomando forma na minha mente também. Não é sobre dar a resposta. É sobre dar o amor e o suporte necessários.
 
É por isso que, agora quando ouço a pergunta "onde coloco esta peça, mãe?", eu olho nos olhos e digo: vai tentando do seu jeito que uma hora você consegue. A mamãe vai estar sempre aqui te olhando.


Por Malu Pedrosa

*Texto meu publicado originalmente no Blog das Mommys. Link AQUI

terça-feira, 20 de junho de 2017

Cabelo cresce e autonomia também

Cabelos tem forte significado na mitologia. Medusa recebeu como punição da deusa Atena ter os belos cabelos transformados em serpentes. Afrodite cobria sua nudez com seus cabelos loiros. A deusa Ísis podia proteger ou devolver à vida usando seu cabelo. Cabelo era poder. E é até hoje.

Outro dia, levei meus filhos para apararem a cabeleira. No carro, deixamos tudo combinado: Bernardo com o seu corte surfista de sempre e Clarice tirando as pontinhas de sempre. De sempre. Zona de conforto. Ao sairmos do carro, minha filha me olha e diz: mãe, estou com uma vontade cortar meu cabelo aqui ó. Esse aqui ó era acima do ombro. Eu, adulta, mãe e dona da situação, nem dei bola para aquele desejo pueril e disse: ah tá, mas você só vai cortar as pontinhas, né? Olha isso, gente. Ignorei mesmo. Acho o cabelo dela maravilhoso, longo, com leves ondulações, faço penteados mil!

 Chegamos ao salão e eu estava mega apertada para fazer number one. Deixei cada filho com um cabeleireiro e fui atender ao chamado da natureza. A porta do banheiro emperrou e eu gastei mais tempo do que o esperado. Era o universo me trolando. Ao sair do banheiro... metade daquele lindo cabelo já estava no chão. Tentei conter meu pavor e manter um sorriso no rosto. E a tesoura da cabeleireira estava frenética. E eu estava arrasada. E a tesoura não parava. E eu tentava manter um sorriso na cara. Cada tesourada era um puta que pariu que eu pensava. Eu era Sansão traído por Dalila.

Foi então que resolvi olhar para minha filha. Ela estava radiante. A cada tesourada o sorriso dela alargava. Os olhos brilhavam. Ela estava se descobrindo com um novo visual, um novo estilo, uma nova fase. O cabelo era dela. A escolha foi dela. Era o direito dela. E eu continuava ali, imóvel, com cara de cera, com vontade de dar na cara da cabeleireira. Então respirei. Cabelo cresce. E olhei para minha filha novamente. Desta vez, olhei para uma pessoa. Sim, às vezes esqueço que meus filhos são seres humanos com vontade própria e que gostam de ser respeitados.

Comecei a viajar naquele tapete de cabelo no chão... Até onde vai o direito de interferência dos pais no direito de escolha dos filhos? Por que eu estava tão arrasada se o cabelo era dela? Se cabelo tem forte significado na mitologia, passou a ter forte significado para mim também. Naquele dia, aprendi sobre escolhas e respeito. Os mitos estão aí para explicar coisas complexas. Filhos estão aí para deixar a vida mais complexa ainda. Pensei em Berenice, mulher de Ptolomeu, que ofereceu sua cabeleira a Afrodite para que o marido voltasse da guerra. A cabeleira desapareceu do templo e um astrônomo da época sugeriu que ela havia se transformado em uma constelação. Hoje olho para o céu, procuro a Cabeleira de Berenice e o que encontro é uma mãe, que em sua pequeneza, quer transformar os filhos em grandes seres humanos.


quarta-feira, 31 de maio de 2017

Maio

É maio e é mês das mães. Assim dizem todas as propagandas em todos os lugares possíveis. Dê flores para sua mãe! Pacote especial de almoço! Renove o visual da sua mãe! Promoção imperdível para o Dia das Mães! E por aí vai... e vamos nós também, mães, sendo levadas pelo ofertório de um dia especial.

UM dia especial, foi isso mesmo que eu disse. É maio. E foi mês das mães. E nóis tá como? Cansada. Quem de nós não queria de presente uma noite bem dormida, uma refeição quente, merendas nutritivas magicamente prontas, unhas feitas, filme de adulto na Netflix e um banho beeeeeem longo? Pois é. Flores são bem-vindas e, muito além disso, um olhar diferenciado também é mais do que bem-vindo e bem quisto para o dia das mães.

Mãe é mãe todo dia, 24/7, sem dia de folga previsto por lei. A moeda do nosso salário se chama amor e todo mês, mais e mais amor é depositado na nossa conta. E a gente vai vivendo desse amor, gastando um tiquinho ou um tantão, dependendo da situação. Quando a "grana" vai ficando curta, um beijinho estalado, um olhinho brilhando, uma gracinha de nada, já enchem nossos bolsos novamente de amor e estamos prontas a distribuí-lo e retribuí-lo. A gente pega o cansaço, coloca em um baú, arregaça as mangas e segue em frente. Mas... chega um dia que a tampa do baú não fecha mais e o cansaço transborda. E o cansaço se mistura com amor e, olha que surpresa, essa mistura inevitavelmente se resulta em dor. E a gente fica bem ali, dividida, com vontade de chorar carregando uma culpa enorme. Justamente por estarmos divididas, a dor encontra uma brechinha, uma rachadura em nossa estrutura para entrar e tentar ficar. Aí é que está. Por que estamos rachadas? Por falta de flores, de um pacote especial de almoço, de um visual renovado ou de uma promoção imperdível de Dia das Mães?

A resposta a gente já sabe. Pense em uma parede. Antes da fenda aparecer, havia algo inteiro ali. Pensemos em nós então: como éramos antes da rachadura? Assim como na parede, a danada da fissura vai se fazendo aos poucos e quando nos damos conta, ela já atravessou de uma ponta a outra. É preciso estarmos atentas. É preciso ter o tal do olhar diferenciado. É preciso olhar para si mesma e reconhecer as próprias fortalezas e fraquezas e, assim, determinar quem você é e o que você realmente precisa para ser feliz. E a felicidade não se faz da noite para o dia, muito menos com uma data reservada e especificada. A felicidade vai se fazendo em horinhas de descuido, como já dizia Guimarães Rosa; a felicidade vai entrando de pouquinho em pouquinho e vai cicatrizando aquela fenda. Nessas horinhas de descuido, a noite bem dormida, a refeição quente, a merenda nutritiva pronta, a unha feita, o filme de adulto na Netflix e o banho bem longo podem fazer toda a diferença entre uma rachadura ou uma cicatrização.

É por isso que ao invés de querer desejar apenas um Feliz Dia das Mães, desejarei a todas vocês dias felizes com felicidades possíveis, fissuras cicatrizadas e alma renovada!

Malu Pedrosa

sábado, 13 de maio de 2017

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Nova série de vídeos Mama Sapiens, vem ver!




Alguém se identifica?

Quando a mãe tenta dar uma voltinha a noite e o pai é o encarregado! Só rindo mesmo!

segunda-feira, 27 de março de 2017

Mãe, você é demais

Mãe, você é demais. Pariu, se reinventou, cria filhos, cuida de você quando dá, tem uma família linda, rala pra caramba. Você é demais.

Aí vem neguinho metido a besta e quer te ensinar a ser mãe. Quer te mostrar suas falhas e te fazer menor. Não aceite. Descarte esse pensamento de "menas". Lembre-se: você é demais.

Você gestou um filho, na barriga ou no coração, mudou sua vida, se entregou. Você é demais. Não aceite que te diminuam com um passo-a-passo de internet sobre como ser uma mãe mais legal.

Você corre daqui e dali para dar conta do seu dia, aprendeu a cortar todos os caminhos possíveis, se faz presente aos trancos e barrancos. Ninguém vai cortar seu barato. Você é mãe. Você é demais.

Pense em tudo que você construiu até aqui. Em todas as birras que você enfrentou com dignidade, em todos os compromissos que você precisou remarcar de última hora, no riso amarelo da falta de graça de chegar atrasada no trabalho por causa da febre do filho. Heroína. Você é demais.

São noites em claro, unha por fazer, insegurança, medo de errar para mais, medo de errar para menos, vontade de sair correndo, chorar e você aí, firmona, seguindo seu caminho sempre em frente. Você é d-e-m-a-i-s.

Você se olha no espelho e se compara com a capa da revista. Mas a capa de revista é uma ilusão, mãezinha. Por isso é uma foto, está congelada. Porque mãe é movimento. E você é demais. Lembre-se disso.

Mais um dia se inicia. Só você sabe que horas o seu dia vai terminar. Só você sabe que horas o seu travesseiro vai receber todos os seus pensamentos. Você sabe o que é melhor para você e para seus filhos. Siga sua intuição. Siga seu instinto. Você pode. Porque você é demais!

Por Malu Pedrosa, autora do blog Mama Sapiens

quarta-feira, 8 de março de 2017

Desabafo

Hoje é dia da mulher. 
São flores e recados fofos o dia inteiro. E enquanto eu escrevo aqui, uma mulher foi agredida. Porque mulheres são agredidas no Brasil a cada três minutos. Agora são 9:50. Até a hora do almoço, algumas serão estupradas. Porque mulheres são estupradas no Brasil a cada quinze minutos. Os dados são assustadores. E a gente vai levando, meio que se acostumando com as notícias das Elisas do Brasil. E ainda tem *gente* que culpa a mini saia e diz que é mimimi das mulheres.
Deixo aqui meu respeito às mulheres e o telefone para denúncia a qualquer tipo de agressão: Disque 180.

quinta-feira, 2 de março de 2017

E foi assim que meu carro tomou um banho de xixi

"- Mãe, quero fazer xixi agora. Não dá para segurar.
- Ai filho! Faz aí no cantinho do carro mesmo enquanto mamãe guarda as mochilas. Foi um dia gostoso na escola, né? Primeiro período é muito legal!
.
.
.
- Filho? Filho????
*risadinhas*
- Puxa vidaaaa filhoooooooo! Usar o piu piu pra brincar de lava jato com o carro da mamãe, não dá!"

Dar instruções para uma criança pode parecer simples pra caramba. Mas...

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O meu nunca mais

Meu caçula gosta de pasta de dente de tutti-frutti. Minha mais velha gosta de pasta de dente de uva. E assim foi a necessaire para a praia: uma pasta de cada sabor, cada filho com a sua singularidade respeitada.

E eu? Espaço pequeno na mala, vai sem pasta mesmo e usa a das crianças. Lá pelo terceiro dia de praia, o gosto de uva com tutti-frutti deu lugar a outro gosto. Um gosto estranho, que não sentia há tempos: o gosto da individualidade.

Sério. Qual o tamanho que um creme dental com flúor ocupa na mala mesmo? Eu poderia ter levado no bolso da minha calça, se fosse o caso. E preferi não levar. Por que? Percebi que a questão era bem maior. Não era pela pasta de dente que eu estava incomodada. Era pelo tanto que aquela atitude dizia sobre mim.

Eu escolhi priorizar meus filhos até na pasta de dente.

Olhei para o espelho com a boca cheia de pasta, enquanto escrevia mentalmente este post, e me perguntei: qual a mensagem que eu passo para meus filhos escovando meus dentes com Tandy? Quase engasguei!

Uma mulher que escova os dentes por quase uma semana com Tandy não está muito boa da cabeça não. Vamos rir alto, porque é ridículo, I know it.

Este movimento de ser a protagonista, o ser de luz, a figura materna, a grande referência da vida de alguém é muito intenso. Como posso querer que meus filhos sejam pessoas seguras, decididas e bem resolvidas se, a protagonista, o ser de luz, a figura materna, a grande referência da vida deles, abdica de si mesma de tal forma? Cuspi rápido aquela pasta com gosto de bala, no dia seguinte comprei um creme dental de adulto para mim e finquei minha bandeira da individualidade dentro da necessaire de viagem. P#rr@! É um começo. Pequeno, mas já é alguma coisa

Pois é. Tudo isso por causa de uma paste de dente.

O amor incondicional tem que começar pela gente. Porque quem não se ama plenamente, não consegue oferecer o melhor de si plenamente. A gente oferece o amor incondicional e coloca condições... Quem nunca ouviu por aí: "eu abri mão do meu trabalho para criar vocês" ou "eu deixei de fazer uma faculdade para ficar com vocês"? Eu já ouvi. E não quero repetir essas frases para meus filhos. Se eu resolver abrir mão de alguma coisa na minha vida, será por mim em primeiro lugar. Sei que uma afirmação dessas parece egoísmo puro. E é amor, amor próprio puro! E quando você se enche de amor, fica mais fácil distribuí-lo incondicionalmente.

Pois é. Tudo isso por causa de uma paste de dente.

Fiquei com vontade de perguntar para todas as mães que eu via na rua: onde é que a sua individualidade se perdeu? Porém isso não tem resposta. Porque a individualidade se esvai aos poucos... assim como aquelas gramas que viram mil quilos a mais na balança. um tiquinho de cada vez que no final dá um tantão significável.

Pois é. Tudo isso por causa de uma paste de dente.

Preciso declarar: Tandy nunca mais. E você que me lê, qual é o seu nunca mais?

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

De repente, mãe

De repente sua fruta favorita virou a outra metade da laranja que o seu filho não quis comer, sua roupa preferida aquela que te permite subir e descer, correr e pular, sentar e levantar sem pagar peitinho ou cofrinho e o programa de TV que você mais assiste é um algum desenho animado que mantenha seu filho entretido.

Aí você se pega escovando os dentes com creme dental infantil (ah, a minha acabou mesmo e depois eu compro outra) e escolhendo restaurantes não pela qualidade da comida mas sim pela qualidade da área kids. Sem falar na sua geladeira: iogurte, danoninho, yakult - mas cadê aquela cervejinha gelada? E tem também aquele palavrão gostoso que você xingava quando batia o mindinho em algum móvel da casa, agora substituído por um "ai, seu bobo"!

A bancada do banheiro, antes habitada por anti-sinais, anti-rugas, anti-stress, anti-tudo agora deu lugar a todo e qualquer tipo de pomada que prometa acabar com assaduras no menor espaço de tempo. E você já experimentou um pouquinho de todas e ainda compra mais uma outra, recomendada por uma amiga, que disse que a pomada foi milagrosa para o bebê dela.

É, você agora é mãe.
Sim, você passa por tudo isso.
E ama muito seu filho. Eu também amo muito os meus.

As pessoas dizem: "é assim mesmo, faz parte, agora você é mãe".  É como se você recebesse uma chave para entrar em um mundo novo e, com essa mesma chave, você trancasse para trás o seu mundo antigo. E a passagem por esta porta dói muito. E a gente não fala sobre isso. Pelo contrário, a gente posta fotos para provar (para nós mesmas) como somos felizes!

E nesse jogo do "agora você é mãe", nós vamos nos deixando para trás enquanto tentamos enfiar nosso verdadeiro EU em um molde de algum passo a passo de internet com pitadas montessorianas. E esse molde não nos cabe. E aí dói mais ainda. E a gente não fala sobre isso.

Ser mãe dói. Porque a mãe esquece que ela é gente. Vira super-herói, tipo aqueles de TV que salvam o dia e você nunca pára para pensar: mas ele dorme, come, faz xixi, tem fome e frio? Alguém, por acaso, já ouviu dizer que o Batman está com caganeira e não vai fazer nada em Gotham City aquele dia? Isso mesmo. A gente não fala sobre isso. E dói.

Mãe também é gente. É isso que eu preciso dizer e escancarar para o mundo: mãe tem preguiça, mãe tem ressaca, mãe tem tesão. Mãe, às vezes, quer sumir do mapa. Mãe, é mais um papel que a gente desempenha e que não anula todos os outros que já desempenhávamos antes. Porque quando os outros papéis são anulados, aí é que a dor fica crônica. E a maternidade fica pesada, cinza e mais dolorida do que o suportável.

Por isso, mães, uni-vos: cuide de você em primeiro lugar. Seja a sua prioridade. Escove os dentes com creme dental de adulto. Encha a cara de vez em quando. Escolha um restaurante por você e para você. Feche os olhos e lembre quem você é, acima de tudo. Seu filho vai agradecer pela mãe feliz, equilibrada e real que ele vai ter.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Volta às aulas, volta tudo de novo!

E, logo logo, as aulas voltam.

E as ruas ficam cheias, as filas ficam duplas e a paciência fica curta. Aí todas aquelas promessas de paz e amor do ano novo viram... promessas!

Mas como mudar essa roda vida da rotina casa-trabalho-escola-merenda-reunião-uniforme limpo-uniforme-sujo? Particularmente, eu não acredito que tenha jeito de mudar. Eu acredito que tenha jeito de adaptar.

Tem muita frase de impacto bonita espalhada por aí... muito "vá lá e mude sua vida agora"... Mas como, minha gente? Como? Se houvesse uma única receita de sucesso, essa valeria mais do que ouro. E é aí que eu me pego pensando, enquanto decido se faço brigadeiro ou pipoca para aliviar a tensão da rotina que já vai começar com a volta às aulas. Não há uma única fórmula do sucesso. Não há mesmo. O que é sucesso para mim, pode não ser sucesso para você. O que deu certo para mim, pode não dar certo para você.

Os antigos gregos já falavam: conhece a ti mesmo. E euzinha aqui, quem vos fala, acrescenta: conhece a tua família. Seus filhos são mais agitados pela manhã? Ou pela noite? Qual fruta não pode faltar em casa? Qual a melhor frequência para comprá-la fresca? Quem é o mais maleável da casa? E o mais rígido? O mais bagunceiro? O mais organizado? Se questione, entenda quem é sua família, pois ela é única. E como eu disse e repito, não há uma única fórmula do sucesso, cada família tem a sua.

De posse dos dados da sua pesquisa do IBGE, trace estratégias a seu favor. Faça as adaptações necessárias para uma convivência harmoniosa. Se meu filho é mais agitado, como acalmá-lo na hora de vestir o uniforme escolar? Se minha filha tem a personalidade mais rígida, será que na hora de entrar no carro para ir à escola é o melhor momento para abordá-la sobre mudanças na vida?

Conheça a sua família, não use comparações com outros lares, jogue a seu favor e observe sempre. Ops, será que passei alguma fórmula aqui? Brincadeiras à parte, quero desejar a todos, verdadeiramente, uma  feliz e tranquila volta às aulas, tanto para os pais como para os filhos!

*REPOST: Texto publicado na minha coluna mensal do blog BH for Kids. Link AQUI

domingo, 29 de janeiro de 2017

Minha experiência (quase) sobrenatural no trem fantasma

Gente, preciso dividir uma coisa com vcs.
Meu caçula me pediu para ir ao trem fantasma no Parque Guanabara. Ok, ele tem 4 anos e meio, o trem fantasma de lá é bem fraquinho e eu sou adulta. Fomos. Como dois corajosos, sentamos bem na frente do carrinho. Ok. No meio do percurso, começo a ouvir um grunhido atrás de mim, um nhéééé, bem próximo a minha orelha. Gente, eu CAGUEI de medo de olhar para trás. Desculpe, mas não tenho outra expressão melhor para descrever meu pavor. Passava monstro e nhéééé, vinha monstro e nhéééé e eu lá, firmona, sendo adulta e sem coragem de virar para trás. Pensei: será que mudou o esquema, será que eles colocam um monstro no carrinho para nos assustar no final? E nada de virar para trás porque eu estava CGNDO de medo. Quando finalmente (uns três minutos enooooormes) chegamos à claridade, virei lentamente para trás e......... havia um menininho lá que eu não percebi que havia entrado no nosso carrinho. Putz. Graças a Deus! Kkkkkk

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Férias: Não se descabele parte IV - Jogo da Velha

Você mora em apartamento?
Você "cata" as bugigangas todas daquelas festas de casamento e formatura?
Tem papel sobrando em casa?

Pronto!!! Imagem auto-explicativa :)


Migues, já viram as outras atividades? Clica no nome que ela aparece para você!

Brincadeira com tubo de papel higiênico
Corrida da Pipoca
Sabonete de sabonete

Bjo,
Malu Pedrosa


sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Pareço boa mãe, mas...


Mãe solo

Recentemente fui apresentada a um termo que de cara adotei no meu vocabulário: mãe solo.
Porque mãe não é estado civil, né gente? Se a mãe é solteira ou casada, ela não deixa de ser mãe.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Lista de supermercado x Lista para criar bons filhos

Estava eu procurando assuntos relevantes para publicar aqui quando uma pulguinha coçou atrás da orelha: "5 coisas essenciais na criação de filhos" / "10 palavras para fortalecer seu filho" / "3 passos para acabar com a birra de vez". Puxa.

Fiquei matutando... Gente, criar filhos não é fazer check list para vc ir riscando os itens e ir se sentindo mais aliviado à medida que o fim da lista se aproxima. Ou para ir contando os itens da lista que vc cumpre (ou não) e, assim, ter um parâmetro se vc é (ou não) é um bom pai/mãe. Já disse alguma dessas 10 palavras para fortalecer seu filho hoje?

Ler listas é rápido. Fazer julgamentos é rápido. Encaminhar uma lista é prático. E depois vc esquece o que leu e a mente se esvazia daquele assunto. Alguma semelhança com a cultura fast food, que mata sua fome mas não te sacia em nutrientes?

Percebo aqui duas coisas essenciais sendo colocadas de lado: nosso instinto e nosso bom senso.

Faço listas para ir ao supermercado e não esquecer de comprar lâmpada, porque afinal eu ficaria no escuro sem ela. Não decido comprar uma lâmpada porque aquele é o melhor caminho da vida, mas sim porque é necessário. Faço lista quando vou ao banco, não porque tenho um sentimento profundo de amor pelo cartão de crédito, mas porque tenho que pagar e pronto.

Por outro lado, faço coisas pelos meus filhos não porque tenho que fazer e pronto. Faço por um sentimento de amor profundo. Faço porque meu instinto me ajuda e também porque o bom senso vai bem, obrigada, grazadeus.

É por isso que hoje não vai ter listas no Mama Sapiens. Continuo a procura de assuntos relevantes para nós! Mas precisava desabafar e problematizar sobre essas tais listas...

Fica a dica para os grandes veículos de comunicação que falam sobre maternidade (não em forma de lista hehehe): empodere as famílias. Falemos sobre amor e respeito, falemos sobre sermos bons exemplos para os filhos na conquista de um mundo melhor. Assim as 5 coisas essenciais na criação de filhos, as 10 palavras para fortalecer seu filho ou os 3 passos para acabar com a birra de vez serão uma consequência de uma boa paternidade e não o fruto de um passo-a-passo. Brigada.

Malu Pedrosa

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Faça vc mesma: Fantasia para o carnaval com cola quente

E se eu não souber costurar? Não tem problema, migues! Quem tem uma pistola de cola quente tem quase tudo na vida!

Com feltro e um pouco de imaginação dá para fazer uma linda borboleta com custo bem baixo e alegria garantida. Espia só:



Eu não usei molde de internet, improvisei um no olho mesmo e esqueci de fotografar (desculpa aê). Mas é bem facinho de fazer! Vem comigo: a ideia é que a criança participe da confecção da fantasia, sem neuras e sem perfeccionismo. Para esta borboleta eu usei feltro preto, laranja e branco. Medi a envergadura e depois cortei imitando o formato de asas de borboleta. O pulo do gato é dobrar o feltro ao meio na hora de cortar, assim você garante asas mais simétricas. Depois fiz círculos brancos de três tamanhos diferentes, assim como essas gotas laranjas, também em três tamanhos diferentes. Pedi ajuda a minha filha para distribuir as bolas e gotas sobre o feltro preto, marquei com alfinete e, por fim, passei a cola quente nos lugares marcados. Para segurar a asa no corpo, coloquei elástico na altura das axilas e das mãos em cada asa e... pronto!!! Com o retalho do feltro fiz esse arquinho maroto, só um lacinho bem básico mesmo. Minha borboletinha está prontinha para voar!

Encontrei mais ideias simples e baratas, para acessar clique AQUI.

Bjo!
Malu Pedrosa

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Carta aberta para 2017

Olá Sr. 2017, o senhor está quase chegando e é por isso que preciso lhe falar. Posso te chamar de você?

Sou mãe de filhos pequenos e queria combinar umas coisinhas com você para que tenhamos um relacionamento sério e duradouro. O meu combinado vai ser um pouco diferente... quero falar com você a respeito das coisas que eu não vou fazer. Isso mesmo: promessas invertidas!

Para começar, já te adianto que não vou chegar pontualmente em todas as festas de aniversário. São muitas festas, muitos imprevistos, muitas variáveis. Vou chegar a hora que der e vou chegar feliz! Nada de suor no bigodinho para cumprir horário.

Ah, também não vou a mais de um aniversário por dia. Isso é muito sério! Eu quero prestigiar a todos, mas no final quem fica desprestigiada sou eu: os anfitriões do primeiro aniversário reclamam que eu vou embora cedo demais e, por sua vez, os anfitriões do segundo aniversário reclamam que eu chego tarde demais. Sem falar nas crianças cansadas brigando dentro do carro. Fim. 2017, não vamos fazer isso com a gente, tá? Vou a um aniversário por vez e me justifico com o outro, fazer o quê?

Falando em compromissos sociais, também não vou participar de todos os almoços de família aos domingos. Estou me reservando o direito de curtir uma preguicinha no fim de semana, "pijamar" até a hora que der, almoçar comidinha simples e honesta. Você percebeu que eu disse que não vou a todos, isso quer dizer que irei a alguns, claro que irei. Só preciso poder curtir meu domingo-preguiça-rodrigo-faro-faustão-eliane de vez em quando.

Se um dos meus filhos se jogar no chão em uma birra digna de virar viral da internet, eu não vou brigar com ele para parar de dar birra simplesmente porque tem uma rodinha de curiosos se formando. Eu vou agachar, olhar nos olhos dele e conversar. Conversando a gente se entende. E se a rodinha permanecer no mesmo lugar, vou convidar todo mundo para fazer ciranda-cirandinha conosco. Rá!

Ah, e quando eu tiver que trabalhar além do horário e não chegar a tempo de colocar meus filhos na cama, não vou morrer de culpa. A minha geração é diferente da geração da minha mãe e as mulheres trabalham muito e, às vezes, a hora extra é inevitável. Deixa isso registrado para nós, 2017: culpa não!

Agora que já pontuei algumas questões sociais, preciso pontuar algumas questões pessoais.

2017, juro que não vou manter a depilação em dia quando você chegar. Me livra disso de 15 em 15 dias! Aquele treco dói pra burro e às vezes é, vamos dizer, em vão (entendedores entenderão). Prometo que no verão tudo vai ficar em dia, mas no inverno... ah, estarei de altas! Deixem Cláudia Ohana em paz.

Sobre dieta, temos que falar olhando nos olhos: 2017, não vou fazer dieta restritiva que me deixa com bafo e mal humorada. Não, não e não. Concordo que preciso melhorar e me alimentar com mais qualidade, mas já te aviso: não vou fazer dieta da moda. Vou buscar equilíbrio entre corpo e mente, não entre o espelho e o olhar do outro.

Também me reservo o direito de não estressar. Ainda estou buscando essa fórmula mágica, mas já sei o que devo considerar: não vou estressar com a unha por fazer, com a casa desarrumada durante a semana e nem no dia que as crianças não comerem todas as porções de frutas recomendadas pela OMS. De vez em quando algumas coisas terão que simplesmente passar e eu terei simplesmente que aceitar. Respira, inspira, oooooommmmm.

Em tempo: não vou dar risos amarelos e nem andar com gente chata. Bato o pé e não vou!

Sabe 2017, a gente pode se dar muito bem juntos. Quando eu disse que quero um relacionamento sério e duradouro, eu não estava de brincadeira. Quero que cada dia, semana e mês durem exatamente o que estão programados para durar, quero respeitar os movimentos de rotação e translação da Terra sem pedir para acelerar nada e nem postar meme sobre o mês de agosto. Porque quando a gente quer que acabe rápido, é porque está ruim e já não vale a pena. Eu quero que a gente valha muito a pena um para o outro!

Observe, 2017, que não mencionei nada sobre situação política e econômica até agora e nem vou mencionar (não prometo que não vou postar nada sobre meu posicionamento, ok?) O meu papo aqui é reto, é sobre eu e você, você e eu. Tenho grandes planos para nós dois. Foca na gente que vai dar tudo certo!

Agora, meu querido Ano Novo, preciso ir ali terminar os afazeres de amanhã. Não quero terminar 2016 devendo nada para ele, sabe? Penso que, se eu tivesse levado um papo reto com esse seu irmão mais velho, talvez as coisas teriam sido melhores para nós dois. Agora já foi. E é por isso que escolhi uma trilha sonora bem especial para finalizarmos nossos combinados e, amanhã à meia noite cantarei a plenos pulmões:

De longe tudo muda / Parece ser bem menor / Os medos que me controlavam / Não vejo ao meu redooooor

É hora de experimentar / Os meus limites vou testar / A liberdade veio enfim / Pra miiiiim

Livre estou, livre estou / Com o céu e o vento andar / Livre estou, livre estou / Não vão me ver choraaaaar


Obrigada, 2016. Vida longa a você, 2017!

Malu Pedrosa

*Texto meu originalmente publicado no blog BH for Kids. Link AQUI